Domingo fui à
missa com minha esposa. Como todos sabem, desde a mais tenra idade, vou a esse
lugar com a mesma disposição de um felino doméstico, quando vê-se obrigado pelo
dono a passar pela tortura da água e do sabão. Pois bem, vamos, né?
Como de praxe,
aquela anciã, com cara de piedade, veio nos encontrar, à porta do templo
religioso, a fim de nos dar o folheto para que acompanhássemos a tortura
(ops)... a cerimônia.
A missa, como
desde que Adão fez o catecismo, ocorreu no mesmo ritmo, que nos convida a ir
mais cedo para os braços de Morfeu (Canto de Entrada, Saudação, Ato
Penitencial, Oração, Primeira Leitura, Mais Oração, Segunda Leitura, Aclamação
do Evangelho, Evangelho, Credo, Oferendas, Preparação para a Comunhão, Pai
Nosso, Saudai-vos, Comunhão, Oração, Bênção e... Tchau - tudo isso, é claro,
intercalado por uma interminável sucessão de senta-levanta).
Onde estava
mesmo!? Bem, confesso, foi-me dificílimo chegar a um terço da missa, porém o
mais maçante foi quando o padre, após o evangelho, começou a homilia. Não pelo
fato de interpretar as palavras da Sagrada Escritura, mas sim por haver
literalmente viajado na maionese por intermináveis 45 minutos, nos quais ia e
voltava, falando de coisas que, muitas vezes, fugiam à liturgia dominical.
O mais engraçado
e que chamou-me mais a atenção é que finalmente compreendi o porquê de eu ter
verdadeira fobia de missa: Ao olhar aquelas pobres crianças, de quatro, cinco
até uns dez anos, pude me visualizar na impaciência daqueles coitadinhos que,
sem vontade própria, são praticamente arrastados ao cadafalso, são gado levado,
sem consciência, ao abate...
A essa altura,
eu já estava com aquele ânimo de quem chegou às seis da manhã da balada, num
domingo e vê-se obrigado a atender Testemunha de Jeová, às seis e meia no
portão de casa ou é obrigado a agüentar o vizinho ouvindo Funk desde as
primeiras horas matinais, ou ainda ser obrigado a escutar o alto-falante da
igreja mais próxima difundindo aquela insuportável canção indígena de uma
Campanha da Fraternidade que já lá vai...
Pus-me a
pensar: Como os pais podem ser tão cruéis a ponto de submeterem seus rebentos a
uma prática a qual ainda não compreendem o significado? As crianças tendem a
impacientarem-se sim. E o mais triste, ainda por cima, é o fato de terem a
atenção chamada por uma falta de que nem sequer têm consciência de haverem
praticado.
Sou, por
experiência e trauma próprios, partidário a que os pais, se tiverem um
pouquinho de coração e bom-senso, é claro, deixem seus filhos, quando forem a
uma cerimônia religiosa, sob os cuidados de algum outro responsável (avós,
tios, casa de amiguinho, sob a supervisão dos pais destes), a fim de, dessa
forma, evitarem futuras rebeldias e fugas da educação cristã... Deixemos sim
que o Ser Humano, em formação de caráter, decida, por si só, aquilo que quer
para a sua vida... Tenho certeza de que os frutos colhidos serão mais sazonados
e melhor apreciados...